quinta-feira, 24 de maio de 2007

Cadê meu Mojo?

Descobri que, apesar de sempre ter tocado blues desde que dei minha cara pra bater nos palcos, não sirvo pra tocar quando estou triste. Tudo soa artificial quando estou triste. Não é uma simples questão de estudar mais ou estudar menos. É uma questão de parecer estar sem meu catalisador musical funcionando.

"Um catalisador é uma substância que afeta a velocidade de uma reação, mas, no processo, emerge inalterada. Um catalisador normalmente muda a velocidade de reação, promovendo um caminho molecular diferente (mecanismo) para a reação". - Wikipedia

Humm....acho que serve a metáfora.

Já que estamos falando de música, tristeza e catalisadores, nada mais me vêm à cabeça além da palavra "MOJO".

Mojo é um pequeno saco, um tipo de amuleto, na maioria das vezes de flanela vermelha, amarrado com um cordão. Contém folhas, ramos, pedaços de animais ou insetos, pedras, desejos escritos num papel, e coisas do tipo. Este pequeno saco é usado sob a roupa. Carrega-se um mojo por seus poderes sobrenaturais: por proteger contra o mal, atrair o amor, aumentar a libido, virilidade, trazer sorte ou dinheiro.

A amarração do pequeno saco é fundamental, pois mantém dentro dele o espírito ao qual se solicita o beneficio. Uma vez preparado e amarrado, o mojo deve ser “alimentado” para que se mantenha em funcionamento. Isso é geralmente feito com um líquido que é espirrado no pequeno saco. Pode ser um perfume, ou um óleo suave.

Os Mojos são tema de diversas letras do blues. Basta lembrar de “I Got My Mojo Working”, que virou um “hit” na voz de Muddy Waters. Outra menção mais discreta é “Somebody Stole My Thunder” (sugiro a versão cantada pelo Georgie Fame), em que a palavra “thunder” pode assumir metaforicamente a função da virilidade proporcionada pelo mojo. Se numa música, o narrador está se gabando de seu mojo, na outra o mojo foi roubado.

Pois então...já desconfiava que eu precisava mesmo espirrar um perfume no meu mojo...
...mas procurei ele aqui em casa depois de janeiro...e acho que alguém pegou. Não encontro!!! Sem meu mojo é muito mais difícil tocar. Sem ele tudo é mais difícil.

Acho que a pessoa que achou deve ter escondido bem escondidinho mesmo. Quem sabe debaixo da terra...dentro de um vasinho...onde cresce um a árvore em miniatura.

3 comentários:

Unknown disse...

Déco, quanto aa palavra Mojo, verifique se nao corresponde ao que a cultura afro-brasileira chama de "Patua'".

Saudacoes,

c.

Laurinha disse...

André, explica direito esse negócio de não tocar blues quando está triste... isso não é uma contradição?

sergio disse...

(mojo, feito de ossos de gato preto enrolado em raiz de jalapa) isso no Mississpi, ainda me falta encontrar a jalapa. Mas tambem passo pelo mesmo problema quanto a tocar blues triste, (sem trocadilho).Não é regra ou pré-requisito.