quinta-feira, 28 de junho de 2007

Neve e chuva numa noite ensolarada.


Primeiramente, fiquei muito contente de receber reclamações sobre o tempo que passei sem escrever. Bom, digamos que escrevo por necessidade. Escrevo, basicamente, quando aquilo que não acontece “lá fora” só pode acontece aqui, dentro do blog. Pois a realidade daqui, normalmente, é diferente da realidade lá de fora e é assim mesmo que costuma ser, pois nunca pretendi aqui ser justo com a “realidade”. Ao menos não com a “realidade” lá de fora.

Mas tenho mais algumas coisas para dizer sobre este encontro de realidades. Na verdade, não são palavras minhas. São roubadas. Mas como diria Marcel Duchamp, o que vale é trazê-las de seu lugar comum até aqui, para que aqui adquiram novo sentido:

“Construímos a nós mesmos e construímos uns aos outros para além do tempo.

A maneira como olhamos as coisas afeta aquilo que olhamos por vias muito sutis. Por vias muito sutis, a maneira como prestamos atenção em nós e nos outros muda-nos continuamente em algo novo.

Tudo o que podemos pensar ou perceber é trazido à percepção como nossos pensamentos individuais.

Cada construção de universo individual contém igualmente um número indefinido de outros universos, com todas as variações e todas as outras possibilidades.

A realidade “ordinária” que percebemos não é um universo único. É a harmonia de fases dos movimentos de um número indefinido de universos. A harmonia de fases que é percebida como “realidade”.”

Não, isso não foi tirado de nenhum livro de auto-ajuda. Mas, quase (e pelo uso da palavra “quase” entenda-se um bom-humor sarcástico). Esta é uma passagem do livro “Espaço-Tempo e Além”, de Bob Toben e Fred Alan Wolf. É um livrinho didático sobre física quântica!

Este “cruzamento harmônico de fases dos movimentos de universos indefinidos” é a minha atual feliz realidade!

O que acontece ultimamente é uma aproximação da “realidade” daqui de dentro do blog com a “realidade” lá de fora. Por isso estou passando mais tempo “lá fora”. Pois “lá fora” tornou-se um lugar mais propício para minha flora semântica! O brilho do sol que as folhas do meu bonsai tem tomado agora não é mais apenas emitido por pixels emitindo luz em RGB!

…mas também não é o brilho do sol, “nesta realidade externa”, necessariamente, emitido por raios solares. Assim como a chuva, “nesta realidade externa”, não é, necessariamente, composta por água, e a neve da mesma forma. Justamente por este “cruzamento harmônico de fases dos movimentos de universos indefinidos”, é possível “contaminar” as duas realidades para que seja possível habitá-las simultaneamente.

A realidade do blog penetra a “realidade externa” e vice-versa, como uma gigantesca bola luminosa amarela, nascendo por de trás de um céu feito por enormes tiras de tecido e linha… e um teto, que só existe na “realidade externa” com a justificativa de que estas “tiras de céu” possam ser penduradas nele.