sábado, 31 de março de 2007

A sobrinha viking no "Reino dos Homens Cabeludos".

Minha sobrinha tem me visitado aos fins-de-semana. Eu sou, além de tio, o padrinho dela...o que me deixa muito orgulhoso!!! Por isso ela me chama de "Tio Padrinho"!!! Desde sempre...que figura!

Para quem não se lembra, ela é a responsável pelo magnífico post sobre "O mundo é cheio de coisas maravilhosas".

Hoje, dormindo até tarde depois de mais uma noite no Bar do Zé, eu escuto um barulinho por debaixo da porta: um papel estava sendo delicadamente deslizado por debaixo dela.

Quando abri, tinha um recado pra eu acordar logo (pra ir brincar com ela) - HAHAHAHAH...e o desenho abaixo:



Clique na imagem para ampliá-la.

O que me chamou a atenção é que eu tenho cabelos compridos, assim como meu irmão, mas aparece também um "amigo (genérico) do Tio Padrinho". Esse "amigo genérico" também é cabeludo. Como deve ser legal você incorporar no seu imaginário, no seu repertório imagético, a idéia de que a figura masculina é de alguém de cabelos compridos!!!

Pra comemorar isso, vou realizar um ato inevitável:

She asks me why
I'm just a hairy guy
I'm hairy noon and night
Hair that's a fright
I'm hairy high and low
Don't ask me why
Don't know
It's not for lack of break
Like the Grateful Dead
Darling

Gimme head with hair
Long beautiful hair
Shining, gleaming,
Streaming, flaxen, waxen

Give me down to there hair
Shoulder length or longer
Here baby, there mama
Everywhere daddy daddy

Hair, hair, hair, hair, hair, hair, hair
Flow it, show it
Long as God can grow it
My hair

Let it fly in the breeze
And get caught in the trees
Give a home to the fleas in my hair
A home for fleas
A hive for bees
A nest for birds
There ain't no words
For the beauty, the splendor, the wonder
Of my...

Hair, hair, hair, hair, hair, hair, hair
Flow it, show it
Long as God can grow it
My hair

I want it long, straight, curly, fuzzy
Snaggy, shaggy, ratty, matty
Oily, greasy, fleecy
Shining, gleaming, streaming
Flaxen, waxen
Knotted, polka-dotted
Twisted, beaded, braided
Powdered, flowered, and confettied
Bangled, tangled, spangled, and spaghettied!

Oh say can you see
My eyes if you can
Then my hair's too short

Down to here
Down to there
Down to where
It stops by itself

They'll be ga ga at the go go
When they see me in my toga
My toga made of blond
Brilliantined
Biblical hair

My hair like Jesus wore it
Hallelujah I adore it
Hallelujah Mary loved her son
Why don't my mother love me?

Hair, hair, hair, hair, hair, hair, hair
Flow it, show it
Long as God can grow it
My hair, hair, hair, hair, hair, hair, hair
Flow it, show it
Long as God can grow it
My hair

sexta-feira, 30 de março de 2007

O vazio-cheio da infância.

Me lembro que minha avó, mãe de meu pai, ficava preocupadíssima quando eu e meu irmão íamos brincar lá pra rua. E “pra rua” não queria dizer utilizar a rua para chegar a algum lugar, onde iriamos brincar. A rua, este espaço genérico, este meio, era o lugar de destino. Por mais que não nos distanciássemos muito de casa, esta incerteza de destino certamente fazia parte da brincadeira.

As ruas eram mais seguras naquele tempo, isso é certo, mas os perigos eram outros. Perigos muito mais “gostosos” do que estes perigos impostos de hoje em dia. Os perigos eram parte de um desafio proposto por nós mesmos. A opção de enfrentar estes perigos era, quase que exclusivamente, nossa.

O ambiente, o cenário desta aventura, como não tinha que deixar de ser, era meio vazio. No nosso bairro poucas casas tinham sido construídas quando meus pais se mudaram pra cá. Logo, os terrenos baldios eram nosso palco, nossa fonte de objetos fantásticos e nosso campo de batalha.

O terreno baldio, com aquele mato vasto, esconde coisas. Quando entrávamos num terreno baldio, exercitávamos o desafio ao medo do desconhecido, e nos surpreendíamos com os sustos e com os "tesouros de lixo e sucata" que nos esperavam por trás da grama alta.



Clique na foto para ampliá-la e ver o restaurante da Unicamp (Bandejão) ao fundo. Ele está quase 5 quarteirões distante de minha casa. Aquele morro que se vê no fim da rua é aquela subidona que hoje vai pra PUCC.

Brincávamos nos terrenos e víamos os terrenos se transformando em construções. As fundações das casas inacabadas eram um certo tipo de templo, misturado com esconderijo. Os tesouros recolhidos nos terrenos baldios eram muito bem guardados em cantinhos dessas construções, que naquela época, demoravam para ser concluídas. Mas também acho que a própria noção de que aquele “templo/esconderijo” um dia daria lugar a uma casa, agregava mais valor a tudo aquilo. Acho que isso se justifica por uma sabedoria que as crianças tem de manter sempre a efemeridade das brincadeiras…um dia aquela brincadeira acaba, e inventa-se outra.



Este é meu irmão. Notem a expressão compenetrada no rosto dele. Um profissional da brincadeira!!!

Lembrei-me agora de algo que só me dei conta recentemente. Essas casas eram construídas e o cimento era misturado na rua, próximo do que viria a ser o portão de entrada. Depois que essas casas são finalizadas, uma casca de cimento permanece grudada ao asfalto. Se o cimento, o concreto ali misturado é o elemento que liga e que une os elementos estruturais da casa, podemos dizer que temos aqui e acolá, nessas cascas de cimento seco, o umbigo das casas!

Nós, os “fiscais” fajutos daqueles templos fantásticos, hoje vemos aquele mesmo cimento de “nossas” construções, em seu aspecto bruto. Como um “fóssil de infância”.

Acho que os “troféus”, peças avulsas de jogos perdidos, tampas de garrafa e pedrinhas, são “fósseis de infância”.

Eu tenho me dedicado a resgatar e preservar certos objetos e lembranças. Tenho sido o curador de uma exposição arqueológica sobre o meu passado simbólico. Nas gavetas do meu quarto, em certas caixas e em certas prateleiras, estão expostos os meus troféus. Troféus de conquistas que só eu presenciei, e cujo prêmio só eu pude apreciar.

sábado, 24 de março de 2007

Laerte e o acaso.

O Laerte, como já falei antes, é meu cartunista preferido. Muitas vezes surrealista, o humor do trabalho do Laerte é refinado como um bom quadro de Magritte.

Hoje, cheguei de São Paulo, passei a vista no jornal e, por acaso, estava lá uma tirinha do Laerte sobre bonsai. Não podia ser mais oportuno!



Clique na tirinha para aumentar.

Este blog nasceu pela tomada de consciência de que certas coisas não devem ser contidas. Quando se desenvolve o hábito de contê-las, elas apenas diminuem a velocidade e a intensidade com que elas deveriam crescer...mas continuam crescendo. Achei poética a idéia de que um bonsai um dia estoure... Daí vem o subtítulo do blog: "A mais lenta das explosões".

Então fico muito, muito feliz com a coincidência de me deparar com esta tirinha do Laerte.
...mas ao invés de temer a repreensão e a punição por uma incontinência de meus "ramos e raízes", fico feliz de, aos poucos, estar vendo que o antigo vaso está começando a dar seus primeiros estalos...rumo ao rompimento.

Falei que vim de São Paulo. Ontem saí de noite num bar muito bacana... vi gente nova, ouvi música boa… E, neste lugar, experimentei uma nova sensação: o prazer do desprendimento. Dançando Soul e R&B de raiz a noite toda, por um momento, alcancei uma profunda felicidade...contando apenas com a companhia anônima de uma senhora quase cega e de uma sensual garota de cinta-liga.

Agora, com licença que vou trocar o vaso do meu bonsai.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Ressaca moral:

A busca incondicional por uma felicidade imediata pode nos custar nossa dignidade.

domingo, 18 de março de 2007

Publicando o comentário da Dani:

A Dani é uma grande amiga minha...

...se eu colocar no papel uma linha do tempo, uma linha de "feitos e fatos", fica inquestionável a declaração de que ela é minha melhor amiga. Desfruto intensamente da convivência com ela e com o Slash...mais do que meu amigo, meu outro irmão.

Com maestria e precisão, a Dani fez um comentário sobre o "post" abaixo que merece ser publicado:
"...é por isso que é bom ser bonsai: em certo sentido a gente cresce, em outro, continuamos pequenininhos..."

Quando você está convencido que realmente ninguém está entendo nada que ocorre na tua vida, certas pessoas te provam o contrário.

Valeu Dani!

Os adultos emburrecem e endurecem.


Enquanto a gente perde tempo com egoísmos e insatisfações, as crianças tem o dom de viver a vida como ela deveria ser vivida.
Depois de uma noite muito difícil, eu acordo e encontro este desenho da minha sobrinha no quadro de recados aqui de casa. Dá vontade de enfiar a cabeça num buraco...de vergonha...por não ser mais capaz de pensar isso sobre a vida.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Sobre eu e meu avô.


Sempre me disseram que eu e meu avô eramos muito parecidos fisicamente. Eu achei uma foto dele com mais ou menos uns 20 anos e comparei com uma minha, na mesma idade. Realmente é bem parecido. Se eu me tornar um velhinho boa-pinta como ele foi, eu estarei super satisfeito.


Clique na imagem para ampliá-la.

Eu tinha dois aninhos quando meu avô me mandou este cartão postal. Ele tinha um rancho em Corumbá. Meu avô sempre foi muito meu amigo, muito companheiro. Apesar da idade, e do jeito meio arredio com a "bagunça" da criançada, estou só agora vendo como eu me pareço com ele. Esta coisa prolixa de explicar tudo bem explicadinho, de ter tudo bem organizado na prateleira, de ter as coisas guardadas com etiquetinhas. Minha paixão por facas, trabalhos manuais, consertar as coisas quebradas...

terça-feira, 13 de março de 2007


Gosto dessa foto. Recortei-a do jornal faz muito tempo, e encontrei-a hoje. Gosto da maneira como este senhor (não me lembro o nome dele) olha para a moça (Denise Fraga). Acho que algumas mulheres possuem algo que nos fazem olhá-las desta maneira...não sei se isso é bom ou ruim, mas na maioria das vezes elas nem se dão conta.

Pra dar uma animada...

Pra dar uma animada, colocarei, sempre que valer a pena, uma tirinha de jornal. Essas aí embaixo são do Fernando Gonsales, criador do Niquel Nausea.

...mas confesso, desde já, minha enorme admiração pelo Laerte!

Divirtam-se!

Clique na tirinha para aumentar.

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segunda-feira, 12 de março de 2007


A que ponto nós podemos chegar exagerando na "licença poética" e no Photoshop?
Espero que Edward Hopper e Stevie Wonder me perdoem.

Eu estava saindo do Parque Trianon, comendo um pedaço de torta alemã da feirinha, quando olhei para o céu e...

Todo homem tem suas paixões...

...algumas delas incompreensíveis.

Comendo uma maçã-do-amor na minha frente...estava o Glauber Rocha.

domingo, 11 de março de 2007

Um bonsai é uma bomba-relógio adormecida.

Um bonsai é uma bomba-relógio adormecida: delicadeza na forma de um sofrimento hermético.

Quero aqui anunciar este blog (este vaso de vidro) aos que possam, acidentalmente, pousar sobre estes ramos e pequenos galhos, correndo o risco de ouvir o vaso se quebrando e observar a mais lenta das explosões.