segunda-feira, 28 de abril de 2008

E lá no fundo azul na noite da floresta, a lua iluminou a dança, a roda e a festa.

O gato preto cruzou a estrada e eu fui atrás dele.
O resultado foi que encontrei muita gente na rua e um punhado de coisas bacanas para se fazer em São Paulo durante o evento da Virada Cultural 2008.

Tudo começou no sábado cedo. Acordei umas 6h40, fui até a casa do sogrão (que mora perto da estação Sumaré do metrô) e peguei o trem para a estação Bresser-Mooca. Vou todo sábado para ter aulas no SENAI. Trata-se de uma especialização em Produção Gráfica.

Como cheguei antes, parei numa padaria furreca, mas muito autêntica. Por R$ 3,60 comi um pão com presunto e uma média.

Depois da aula, voltei para encontrar minha menina. Foi só o tempo de tomar banho e sair para assistir aos primeiros shows da noite. Saímos com a Emilia, irmã dela, e duas amigas.

De cara, no caminho para o show da Cesária Évora, a vista era linda:

Trata-se da aglomeração de gente no cruzamento da Av. São João com a Av. Ipiranga…mas um tiquinho mais para cima da São João.

Chegamos no show da Cesária já no fim. Vimos o restante do show e descemos a São João para o palco de Música Instrumental, onde estava se apresentando o acordeonista Toninho Ferragutti. Este foi um dos palcos mais interessantes da Virada pois, junto com o palco de “Canja Blues e Rock”, contava com música ininterruptamente. Os músicos subiam no palco para tocar por uma hora. Mas a cada 15 minutos sempre tinha alguém saindo e um músico novo entrando no palco.

Além disso, ele estava muito bem localizado no encontro do Vale do Anhangabaú com Boulevard São João. O palco mais bonito, na minha opinião.

Aproveitamos para tomar a celebrada primeira cerveja da noite.

Lá pelas 20h, subindo para o Largo Sta. Efigênia, para o palco do “Boteco de Bambas”, paramos para ir ao banheiro num barzinho. Mesmo passadas apenas duas horas do início da programação, as pessoas já estavam comprometendo a salubridade dos locais públicos e dos sanitários dos bares com uma infalível falta de pontaria na hora de usar o vaso.

Na saída, flagrei um tradicional churrasquinho grego. Não comi. Mas confesso que parei numa barraquinha de cachorro-quente uns 10 metros pra frente.

A intenção de ir ao “Boteco de Bambas” era de ver o paulistaníssimo sambista Germano Mathias. Ele continua vivíssimo, irreverente e tem uma pança branca simpática, que fez questão de exibir ao público – completou dizendo que, mais tarde, faria um striptease!!! Por respeito àqueles que lêem o blog, aqui vai uma foto dele ainda vestido:

Depois disso, descemos para a Barão de Itapetininga, para ver do que se tratava o palco “Canja Rock e Blues”. Foi, certamente, o pior palco de todos os que vimos. Apertado, com pessoas passando mal no meio da passagem e a banda num excessivo clima “de garagem”.

Corremos dali e passamos na Praça da República para assistir Casa de Máquinas. Eu não fazia idéia do que se trata. Fui assistir por indicação de minha namorada que, apesar de toda feminina, escondeu o jogo e não me disse que curtia Rock-n-Roll “a-la Kiss”. “Divertido” é a melhor palavra. Bom, se meu critério comparativo passa por Kiss, não tem como definir melhor.

Voltamos para o palco de música instrumental para encontrar o resto das pessoas que nos acompanhavam e, de lá, decidimos voltar. Pouco mais de meia-noite, pegávamos o metrô de volta.

No dia seguinte, depois de dormir pacas e descansar as pernas doloridas, chegamos de volta na estação São Bento lá pelo meio-dia. Paramos lá para assistir ao Silent Disco. Um DJ colocava para dançar apenas as pessoas que portavam fones wireless em seus ouvidos. Elas ficavam num cercadinho, para não fugirem com o fone, imagino. Mas, na realidade, era uma medida de segurança importante – hehehe. …para que ninguém que estivesse dançando alucinadamente de olhos fechados, caísse de cima do viaduto.

Descemos até o Boulevard São João, onde iríamos descobrir quem estava tocando no palco de música instrumental. Tava um sol forte! Quando paramos num boteco ali perto, do nada, subitamente, inexplicavelmente, surge minha sobrinha de 7 anos de idade: a Eleonora!

Demorou para eu entender que ela estava com uma outra tia dela. A parte boa foi a brincadeira de fazer chifrinhos com as mãos e ver a sombra aparecendo no chão. Achei mais legal fotografar a alegria dela brincando do que o efeito da sombra no chão… evidentemente.

De lá, fomos comer. Ah… nada como o tempurá da Praça da República. A minha moça foi de yakisoba.

Comemos enquanto assistíamos ao show do Arnaldo Antunes. Muito bacana estar lá. Gosto deste registro de fagote com o qual ele canta.

Terminando o show, encontramos a Emilia novamente e trocamos umas 15 mensagens de celular para encontrar uma amiga que estava transitando, perdida, entre Praça da República e Av. São João.

Quando todos se encontraram, partimos para ver o fim do show da Orquestra Imperial. Um samba-bossa-rock-funkeado. De longe, a banda mais legal, musicalmente falando. Agitou o pessoal com uma qualidade técnica e musical impressionante. Destaque para o naipe de metais!

Logo ao lado de onde estávamos, havia um guindaste que içava malabaristas, contorcendo-se em números diversos. O que mais gostamos foi o número do sofá. Este eu tive que fotografar.

Depois, no palco da Praça da República, fomos ver o Lobão. Ah… o disco dele (com Vida Bandida, etc, etc) foi trilha sonora do meu primeiro verão pré-adolecente-descobrindo-a-paixão na praia de Ilha Bela. Hum… pensando bem, escutei muito Dire Straits (Brothes in Arms) naquele verão. Mas olha que nunca gostei de RPM!!!!

Finalmente, rumamos para o Palco das Meninas, quase na frente do Edifício Copan. Fomos ver uma apresentação solo da Fernanda Takai.

Aí é que tive um dos aborrecimentos da virada. Não por causa dela mas por causa de parte da platéia. Pseudo-moderninhos, com óculos de sol (com armação de resina bem grossa) em plenas 18h da tarde, desciam a lenha na apresentação da Fernanda… mas não iam embora. Ficaram até o fim. Falavam mal, faziam piadinhas, mas continuavam ali. Critico que é critico assiste até o final. Resta saber quem é que se interessa pelo que esse tipo de gente tem para falar.

Eu entendo a birra que algumas pessoas podem ter com a Fernanda Takai, pois ela tem duas características que podem confundir as pessoas.

A primeira é que ela possui um timbre de voz muito peculiar. Eu mesmo não gostava quando ouvi Pato Fu pela primaira vez. É o mesmo, penso, que comparar uma flauta com um pífano. A flauta é precisa e afinada. O pífano não. Mas só o pífano carrega o romantismo da sua “desafinação”. …e, na verdade, esta “desafinação” é apenas uma característica não depreciativa. Deve-se reparar no valor qualitativo agregado à música quando um timbre deste se apresenta.

A segunda característica é que a Fernanda realmente acredita no que ela faz. Deve incomodar muita gente admitir que ela faz tudo o que ela faz conscientemente. Não é pra ser complexo, mas está muito longe de ser previsível. Falando nisso, vou procurar o CD novo dela, em que ela canta músicas da Nara Leão. Quem já ouviu a Nara Leão cantando “Cuitelinho” (música do cancioneiro popular descoberta por Paulo Vanzolini) sabe porque a Fernanda enxergou um pouco dela na Nara.

Quem não sabe disso e não quer saber vai continuar reclamando, todo orgulhoso, do alto de sua ignorância.

Resumindo a experiência toda da Virada Cultural de 2008, concluo com a afirmação de que o centro de qualquer cidade deve ser ocupado por gente. O que mais gostei foi ver aquela multidão cercada de prédios históricos, sem nenhum carro para atrapalhar. Os palcos temáticos foram uma grande sacada e funcionaram! As pessoas de interesses comuns se aglomeravam e curtiam juntas o que queriam curtir.

O bom é que, quem curte muitas coisas, numa situação dessa, convive com muitos tipos de pessoas. No meu percurso, que saiu da música instrumental, passando pelo samba, pelo rock e terminando no Palco das Meninas, estive sempre muito bem acompanhado por gente que soube desfrutar da cidade.

2 comentários:

Mila Reily disse...

um bom resumo da sua virada... só agora vi o quanto a nossa foi diferente, por mais que tenha sido na mesma parte da cidade e com coisas em comum

Anônimo disse...

que relato legal!
sou realmente apaixonado pelo centro de SP, apesar de não aparecer quase nunca por lá...
mas quem sabe na próxima virada eu não entrego os trabalhos com antecedência e me organizo pra gente ir também...
abraço!
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